segunda-feira, 14 de abril de 2014

Novas perspectivas para a München Fest

Foto: Divulgação
Nesta segunda-feira (14), a Câmara Municipal de Ponta Grossa volta a discutir o projeto de lei nº 10/13 que proíbe a Prefeitura de dar apoio financeiro e logístico a eventos que envolvam a comercialização ou distribuição de bebidas alcoólicas. A iniciativa foi aprovada em primeira discussão na última quarta-feira (09) e passará por uma nova votação. O projeto está causando polêmica, os argumentos contrários e favoráveis são variados.
A München Fest e a Exposição Feira Agropecuária e Industrial de Ponta Grossa (Efapi) são eventos tradicionais no município. Elas atraem turistas de toda a região dos Campos Gerais, movimentam a economia da cidade e colocam Ponta Grossa no cenário nacional. Sem o apoio material e logístico do executivo, a realização das duas festas será comprometida. Eventos menores como a Festa da Uva (Fesuva), onde há a comercialização de vinhos, também serão afetados pela proposta do legislativo.
Embora a proposta seja da Bancada Evangélica, o projeto de lei não pode ser entendido pelo viés religioso. Diminuir o consumo de bebidas alcoólicas entre menores de 18 anos também é um argumento que não convence. Mesmo sendo uma preocupação justa, campanhas de redução da ingestão de álcool são feitas através da conscientização dos jovens. Acredito que a melhor maneira de analisar a iniciativa dos vereadores é inseri-la no contexto do planejamento estratégico da administração pública.
A 24º edição da München Fest, realizada em 2013, pode ter deixado um rombo de R$ 1,3 milhão nos cofres públicos. O valor foi gasto em produtos comprados e serviços contratados para garantir a viabilização do evento. Os números foram fornecidos pela própria Prefeitura. O relatório preliminar foi apresentado pela Câmara Municipal e deve ser encaminhado ao Ministério Público, ao Tribunal de Justiça e à Receita Federal.
Na divulgação dos números finais, feita logo após a realização da festa, o poder público informou que, aproximadamente, 112 mil pessoas passaram pelo Centro de Eventos durante a München Fest. No novo relatório, a empresa responsável pela realização do evento afirma que pouco mais de 63 mil estiveram na festa. A conta não fecha. Valores pagos pelos shows que integraram o evento e ausência de licitações também estão gerando questionamentos.
Não é de hoje que os valores gastos com a München Fest são alvo de debate. São recursos que poderiam ser aplicados pela administração pública em saúde, segurança, asfalto, educação e outras necessidades da população. Por outro lado, essa e outras festas são ferramentas importantes para levar o nome da cidade. Eventos desse porte são atrativos turísticos que repercutem o município no cenário nacional. Basta tomarmos como exemplo a Oktoberfest, em Blumenau (SC), e o Carnaval de Tibagi.
Defendo que a Prefeitura contribua com apoio logístico e segurança para a realização de iniciativas com características semelhantes à München Fest. A iniciativa privada injetaria recursos financeiros, faria as contratações dos serviços, compraria os materiais necessários, divulgaria o evento e arcaria com os resultados da festa, sejam eles positivos ou negativos. Desse modo, essas ações contribuiriam para o turismo sem onerar os cofres públicos. O mesmo vale para eventos semelhantes que acontecem em outros municípios.
A sociedade só tem a ganhar quando o poder público e a iniciativa privada unem forças. Para que essas parcerias, alianças e trabalhos em conjunto se convertam em benefícios para a população é preciso, acima de tudo, ética e transparência. Com planejamento, criatividade e determinação é possível criar novas perspectivas para a München Fest.     

Marcio Pauliki é formado em administração pela UEPG, especialista em Gestão Empresarial pela FGV com cursos de extensão em Administração e Marketing pela London University (Inglaterra) e University of Berkeley (EUA).

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