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Nesta segunda-feira (14), a
Câmara Municipal de Ponta Grossa volta a discutir o projeto de lei nº 10/13 que
proíbe a Prefeitura de dar apoio financeiro e logístico a eventos que envolvam
a comercialização ou distribuição de bebidas alcoólicas. A iniciativa foi
aprovada em primeira discussão na última quarta-feira (09) e passará por uma
nova votação. O projeto está causando polêmica, os argumentos contrários e
favoráveis são variados.
A München Fest e a Exposição
Feira Agropecuária e Industrial de Ponta Grossa (Efapi) são eventos
tradicionais no município. Elas atraem turistas de toda a região dos Campos
Gerais, movimentam a economia da cidade e colocam Ponta Grossa no cenário
nacional. Sem o apoio material e logístico do executivo, a realização das duas
festas será comprometida. Eventos menores como a Festa da Uva (Fesuva), onde há
a comercialização de vinhos, também serão afetados pela proposta do
legislativo.
Embora a proposta seja da Bancada
Evangélica, o projeto de lei não pode ser entendido pelo viés religioso. Diminuir
o consumo de bebidas alcoólicas entre menores de 18 anos também é um argumento
que não convence. Mesmo sendo uma preocupação justa, campanhas de redução da
ingestão de álcool são feitas através da conscientização dos jovens. Acredito
que a melhor maneira de analisar a iniciativa dos vereadores é inseri-la no
contexto do planejamento estratégico da administração pública.
A 24º edição da München Fest,
realizada em 2013, pode ter deixado um rombo de R$ 1,3 milhão nos cofres
públicos. O valor foi gasto em produtos comprados e serviços contratados para
garantir a viabilização do evento. Os números foram fornecidos pela própria
Prefeitura. O relatório preliminar foi apresentado pela Câmara Municipal e deve
ser encaminhado ao Ministério Público, ao Tribunal de Justiça e à Receita
Federal.
Na divulgação dos números finais,
feita logo após a realização da festa, o poder público informou que,
aproximadamente, 112 mil pessoas passaram pelo Centro de Eventos durante a
München Fest. No novo relatório, a empresa responsável pela realização do
evento afirma que pouco mais de 63 mil estiveram na festa. A conta não fecha. Valores
pagos pelos shows que integraram o evento e ausência de licitações também estão
gerando questionamentos.
Não é de hoje que os valores
gastos com a München Fest são alvo de debate. São recursos que poderiam ser
aplicados pela administração pública em saúde, segurança, asfalto, educação e
outras necessidades da população. Por outro lado, essa e outras festas são
ferramentas importantes para levar o nome da cidade. Eventos desse porte são
atrativos turísticos que repercutem o município no cenário nacional. Basta
tomarmos como exemplo a Oktoberfest, em Blumenau (SC), e o Carnaval de Tibagi.
Defendo que a Prefeitura
contribua com apoio logístico e segurança para a realização de iniciativas com
características semelhantes à München Fest. A iniciativa privada injetaria
recursos financeiros, faria as contratações dos serviços, compraria os materiais
necessários, divulgaria o evento e arcaria com os resultados da festa, sejam
eles positivos ou negativos. Desse modo, essas ações contribuiriam para o
turismo sem onerar os cofres públicos. O mesmo vale para eventos semelhantes
que acontecem em outros municípios.
A sociedade só tem a ganhar
quando o poder público e a iniciativa privada unem forças. Para que essas
parcerias, alianças e trabalhos em conjunto se convertam em benefícios para a
população é preciso, acima de tudo, ética e transparência. Com planejamento,
criatividade e determinação é possível criar novas perspectivas para a München
Fest.
Marcio Pauliki é formado em
administração pela UEPG, especialista em Gestão Empresarial pela FGV com cursos
de extensão em Administração e Marketing pela London University (Inglaterra) e
University of Berkeley (EUA).