Apesar de indicadores apontarem um
crescimento no uso de computadores e internet nas escolas, o uso da tecnologia
no ensino ainda depende, principalmente, de políticas públicas para implantação
de inovações que ultrapassem o giz e o quadro negro dentro da sala de aula.
Em novembro, o tema será amplamente
tratado por prefeitos, gestores, especialistas e empresários durante o 3º
Congresso Paranaense de Cidades Digitais, que neste ano será realizado em
Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Na articulação de temas pertinentes à
modernização dos municípios, a Rede Cidade Digital (RCD), organizadora do
evento, vem recebendo o apoio de entidades como a Associação dos Municípios do
Paraná (AMP) para a promoção do Congresso, cujas abordagens têm atraído
gestores de todo o país para tratar das Tecnologias da Informação e Comunicação
no aprimoramento dos serviços públicos.
Recentemente, União dos Dirigentes Municipais
de Educação do Paraná (Undime PR) e Rede Cidade Digital firmaram uma parceria
para a disseminação da edição de 2015 que tem como eixo principal o uso da
tecnologia no processo pedagógico das escolas públicas.
Para o presidente da Undime PR, Celso Augusto
Souza de Oliveira, o evento abre espaço para que secretários municipais possam
analisar propostas e modelos, levando as discussões para as cidades. “Existe a
necessidade de pedagogicamente entender como isso vai funcionar, abrindo esse
debate para a sociedade, pais, professores e academia. Vejo um espaço como esse
do Congresso de Cidade Digital, que trata o assunto de Educação, como a mola
mestre para articular tudo isso”, disse.
No país, a inserção de ferramentas
tecnológicas ainda é pouco explorada, diferentemente do que acontece em locais,
por exemplo, como Campo Bom, no Rio Grande do Sul. As iniciativas digitais e
inovadoras na área da Educação na cidade, localizada a 57 km de Porto Alegre,
já são reconhecidas e premiadas em diversos países. Por meio do projeto
‘Inclusão Digital - Faço parte desta Rede’, atividades pedagógicas vêm
envolvendo comunidade, alunos e professores no município.
No Projeto Educacional de Remapeamento
Interdisciplinar (PERI), estudantes orientados por seus professores implementaram
um sistema de alerta para os moradores sobre enchentes. Outra proposta
reconhecida internacionalmente é o Ecoweb, desenvolvido pela Escola Municipal
25 de Julho, que com tablets e celulares realiza estudos da microbacia que
contorna o bairro.
Já no Studio SD, alunos e professores
desenvolvem web novelas pelo celular, entre outras produções. Lousas digitais e
mesas interativas também estão presentes no ensino do município.
A coordenadora do Departamento de
Estatística e Informática Educacional, Nilva Teresinha Dambros, ressalta que a
inserção da tecnologia em Campo Bom e a distribuição do sinal de internet
gratuito, por meio do WCampo Bom, motivou a busca da população por
conhecimento. “Os índices são bons comparados a outros municípios no Estado. Evoluímos
bastante pedagogicamente. Não deixamos de usar o quadro e o giz, mas os alunos
de hoje já têm acesso às tecnologias e muitas vezes não sabem usar
adequadamente. Coube à escola dar essa orientação”, ressalta Nilva sobre o
projeto que começou a ser intensificado a partir de 2009.
No Paraná, também aparecem cidades
digitais investindo em tecnologia na educação e inclusão digital na zona rural.
“Antigamente eu poderia questionar se eu quero tecnologia ou não na Educação.
Hoje eu tenho que simplesmente saber como vou aplicar porque a tecnologia já
está inserida e não tem como evitar”, pondera o presidente da Undime PR e
secretário municipal de Educação de Telêmaco Borba, município de 75 mil
habitantes, localizado na região dos Campos Gerais.
A localidade já insere a tecnologia na
rede de ensino fundamental através de um projeto que trabalha a criação de
sites e conteúdos com as crianças. No ambiente extraescolar, um sistema online
e público acabou com a interferência pelas vagas nas creches.
As ações por meio do projeto Telêmaco
Borba Digital, que tem como destaque a distribuição do sinal gratuito de
internet em toda a localidade, contribuíram, na opinião do secretário, para que
as metas do Ideb para 2017 fossem atingidas no município ainda em 2014. “Muitas
cidades do interior conseguem reverter as suas situações econômicas se tornando
polos tecnológicos. Agora para isso tem que pensar lá na educação básica,
trazer essa discussão da tecnologia dentro da escola porque dificilmente uma
empresa que queira construir equipamentos sofisticados vá fazer isso na cidade
que não tem mão de obra capacitada”, analisa Oliveira.
Entretanto, no país em geral, onde
persistem diversas realidades distintas, a tecnologia ainda se restringe em sua
maior parte aos laboratórios de informática. Ainda assim, as análises feitas
anualmente pelo Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) indicam a tendência e
crescente aumento dos recursos.
De acordo com a TIC Educação 2014, para
apenas 30% dos professores de escolas públicas o principal local de uso das TIC
é a sala de aula. 79% das escolas públicas possuem computador portátil (em 2013
eram 73%) e 29% tablets (em 2013 eram 11% e em 2002, o percentual era somente
2%). “Os primeiros anos são onde você cria as maiores conexões cognitiva, de memória,
que se desenvolve o cérebro da criança. Não podemos desperdiçar isso e aí sim a
tecnologia tem muito a contribuir”, ressalta o presidente da Undime.
Informações sobre o 3º Congresso
Paranaense de Cidades Digitais e abertura de inscrições podem ser acompanhas
pelos meios de comunicação da Rede Cidade Digital.
Fonte: Rede Cidade Digital