Valter Roberto Silvério |
Palestrantes
equiparam assassinatos de negros no Brasil a genocídio e dizem que País vive
racismo institucional. As afirmações foram feitas, na última terça-feira (19), em
audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da violência
contra jovens negros e pobres.
O professor Valter Roberto Silvério, do
Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos, afirmou que a
escravidão do período imperial e a posterior expulsão dos negros para as
periferias criaram as condições históricas que hoje deixam essa população
carente de políticas e serviços públicos.
Essa
situação, segundo Silvério, se reflete no Mapa da Violência do País, que aponta
proporção de assassinato de quatro negros para cada branco, na faixa etária de
15 a 29 anos. "Esse conjunto de racismo institucional, de péssimos
equipamentos de saúde e de educação e de acesso segregado ao mercado de
trabalho configura um quadro de reprodução das posições que a população negra
sempre ocupou. ”
Para
Silvério, a pior consequência é: “vivemos uma guerra civil: morrem mais jovens
negros por dia no Brasil do que, por exemplo, nos conflitos de Israel,
Palestina e Irã. Nós vivemos, efetivamente, um verdadeiro genocídio dos jovens
negros".
Desvantagens
para os negros
Segundo
Valter Silvério, esse "racismo institucional" gera um quadro de três
desvantagens para a população negra:
-
ocupacional, marcada pelo fato de os negros ocuparem as piores posições no
mercado de trabalho, com baixa remuneração;
-
locacional, representada pelo fato de essa população habitar principalmente as
regiões periféricas, desprovidas de equipamentos urbanos de qualidade;
-
educacional - 55,4% das crianças de 4 a 5 anos e 61,2% dos jovens de 15 a 17
anos que estão fora da escola são negras, segundo o Censo de 2010.
"Há
clara desigualdade entre brancos e negros no acesso a bens materiais e
simbólicos", afirmou.