quarta-feira, 20 de agosto de 2014

EDUARDO CAMPOS E MARINA SILVA. SONHOS E LÁGRIMAS, ÉTICA E DEMOCRACIA.

Foi em 1994. Após muitas horas de viagem e uma perigosa travessia de um Rio em uma barcaça sem condições de viagem, enfim cheguei a Rio Branco no Acre para um Encontro Regional de Direitos Humanos. O Estado passava um momento muito difícil de grande corrupção e uma elite local articulada e criminosa. Foi quando conheci MARINA SILVA, figura encantadora, um misto de sonhadora e revolucionária que ajudou a construir o sonho da Amazônia sonhada por CHICO MENDES.
É da Senadora MARINA SILVA o Projeto de Lei que protege os conhecimentos e tradições dos povos da Amazônia em pé de igualdade com demais direitos de laboratórios estrangeiros protegidos pela Lei de marcas e patentes, o que se estivesse já aprovado teria proibido que um Laboratório estrangeiro lucrasse por ano com a venda do medicamento “captopril”, utilizado para pressão alta, cuja substância de fabricação é retirado do veneno da cobra jararaca, o valor de 4 bilhões de dólares, como demonstrado em minhas pesquisas quando da apresentação de trabalhos no Congresso Jurídico da Amazônia em 2014.
Presenciei um dos seus primeiros Comícios de MARINA SILVA, e ouvi com atenção a jovem frágil na aparência e de personalidade forte, falar com tamanha coragem e denunciar a elite local que me causou certo temor. Era à primeira vista alguém muito especial, mas, não poderia imaginar a 20 anos que aquela corajosa jovem teria um papel tão importante na história política do Brasil.
Anos depois foi Dom Moacir Grechi que foi Arcebispo no Acre e em Rondônia quem me contou das origens de MARINA SILVA. Foi uma jovem pobre cuja família morava no Acre. Esta jovem ficou acometida de uma doença muito grave no pulmão e os médicos não lhe deram um bom diagnostico. Foi Dom Moacir quem fretou um avião e a enviou por pura compaixão para se tratar em São Paulo onde MARINA conseguiu recuperar a sua saúde. Este foi o meu primeiro contato com a história de MARINA.
Mais tarde numa lide jurídica em Rondônia o IBAMA havia se recusado a liberar licença ambiental para a construção da Usina Hidrelétrica em Porto Velho por haver muitos indícios de uma futura tragédia ambiental. A então Ministra do Meio Ambiente, MARINA SILVA, apesar de pressionada e assediada, não voltou atrás e manteve a proibição do IBAMA.
Pagou o preço político, sofreu retaliações, demitiu-se do cargo, foi criado o INSTITUTO CHICO MENDES, a licença foi concedida e a Usina construída e após 7 anos da liberação Rondônia viu a maior tragédia ambiental de sua história com um alagamento sem precedentes. A origem de MARINA foi uma origem humilde, mas sempre demonstrou sua profunda dignidade, honestidade e capacidade, é respeitada no mundo todo tendo sido considerada pela mídia internacional uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Em que pese os inegáveis méritos políticos de CAMPOS, era MARINA quem iluminava a candidatura de EDUARDO CAMPOS que por sua vez era herdeiro do grande MIGUEL ARRAES, um nome por demais honrado na história política brasileira. CAMPOS deixou o governo do seu Estado de origem, quando Governador com um índice de aprovação popular altíssimo.
EDUARDO E MARINA se uniram politicamente, porque MARINA não tinha opção ante o indeferimento do registro do seu novo Partido Político junto ao Tribunal Superior Eleitoral, mais um golpe em MARINA e na Democracia calcada na concepção de pluralismo político assegurado na Constituição de 1988.
O Brasil perdeu uma grande opção política, mas MARINA não se torna apenas a herdeira política por afinidade, de EDUARDO CAMPOS por questões sentimentalistas, tem também os seus méritos, dentre eles a coerência política que a levou para longe do PT quando este se enterrou em sua tragédia ética quando lhe era mais cômodo dizer sim, tendo aos seus pés mando político, poder e influência.
MARINA era e continua a ser uma grande opção política, política já experiente, Ex-Senadora e Ministra, ex-candidata a Presidente, com um patrimônio político de milhões de votos agora acrescidos com os simpatizantes do falecido EDUARDO CAMPOS, que tombou com os seus companheiros de viagem a serviço não apenas de um partido ou de interesses partidários, mas acima de tudo, a serviço da Democracia, portanto da nação brasileira, pelo que a História lhes deve ser grata.
É inegável que MARINA é o fiel da balança, pois caso a Presidenta DILMA não logre vitória no primeiro turno é MARINA e o legado de CAMPOS quem decidirão o destino final das eleições no Brasil ou ao menos influirão de forma muito efetiva no resultado final caso MARINA não polarize o segundo turno com DILMA ou AÉCIO e a indicação das pesquisas são previsíveis neste sentido.
MARINA é alguém com história, vinda do povo, tem coragem e virtudes, é coerente e honesta, tem competência e reconhecimento nacional e internacional e acima de tudo, é alguém que acredita, como CAMPOS que o Brasil é um país possível para esta geração e as futuras, de modo que nossos jovens e mentes brilhantes, não precisem fazer planos de uma carreira de sucesso no exterior por não encontrarem nem o reconhecimento e nem a honestidade para continuarem vivendo em sua nação, na terra dos seus pais.
Além de íntegra e competente parece que MARINA tem certa aura profética, pois é a segunda vez que a morte lhe ronda e volta com as mãos vazias e em nossa história política, tão marcada por decepções e falsas promessas, mais do que nunca precisamos de profetismo e heróis, ao menos em virtudes e qualidades cívicas que são abundantes na vida e na história política de MARINA, o que infelizmente, não se pode dizer o mesmo da média do cenário político nacional. Descanso eterno a EDUARDO CAMPOS, consolo aos seus entes queridos e muita saúde e sucesso a MARINA SILVA e ao BRASIL.

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